sexta-feira, 25 de julho de 2008

Filme: Gandhi

Classificação: 15.9

Se Gandhi abalou o mundo, então em 1982 o mundo sofreu a replica de um fenómeno equiparável. Apesar de não ser um grande adepto de filmes biográficos, fui capaz de enfrentar quase três horas de filme sobre o homem que eu mais admiro. Richard Attenborough (o realizador) não poupou a esforços para tornar este filme um fenómeno mundial, como já se tinha mostrado capaz ao realizar o grande filme de 63 “Great Escape” (filme que espero vir a comentar neste mesmo blog assim que tiver oportunidade pois se trata de um dos meus favoritos do género). Filme sem surpresas e ao mesmo tempo emocionante, Gandhi é um dos filmes obrigatórios devido à sua qualidade e veracidade histórica.
O facto da história deste herói da vida real ser tão apaixonante e comovente ajudou bastante a produção do filme, ainda por cima quando é baseada num livro. Mas não posso deixar de referir que é um filme vencedor de 9 Óscares da Academia e nomeado para outros 3, incluindo Ben Kingsley (melhor actor principal no papel de Gandhi) merecedor por completo devido a uma brilhante prestação; melhor realização para Richard Attenborough; melhor filme de 1982; e melhor guarda-roupa (prémio muitas vezes desvalorizado e que na maioria das vezes é aquele onde os produtores mais investem pois tem um peso elevado para o realismo e impacto fotográfico). Um dos aspectos negativos é a falta de qualidade dos actores secundários e a música fraca que podiam ser mais bem trabalhados. Por outro lado, achei a fotografia a brilhante e a história maravilhosamente bem contada, é o tipo de película que começa por contar o final e recorre a uma “analepse” artística magnifica. Como era de esperar, o maior ponto negativo é o tempo que demora todo o filme, mas vale a pena se é para aprender com um dos maiores Homens do século XX.
Não posso deixar de salientar um pormenor interessante para os amantes da sétima arte: ainda perto do inicio do filme aparece um indivíduo que tenta atacar Gandhi devido à sua nacionalidade, e adivinhem quem personifica esta personagem (pelo menos é ele que a mim me parece, pois naquela altura era mais novo), nada mais nada menos que o galardoado Daniel Day-Lewis, cuja qualidade e profissionalismo me chamaram para ver o filme “Ballad of Jack and Rose” muito antes do “There Will be Blood”. Mas estou aqui para concluir a critica a um outro filme, “Gandhi” é um filme que nos faz despertar para o grande problema da humanidade: a sua falta de compaixão e como todos podemos ser odiosos e tornar-nos naquilo que mais tememos e odiamos, no entanto existem pessoas capazes de abrir os olhos aos Homens e fazer dos actos mais simples e puros milagres. Deixo-vos com a frase de marca de Mohandas Gandhi, o vulgar advogado indiano: Surpreender-te-ás quando descobrires que no Mundo há lugar para todos.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Filme: The Happening (O Acontecimento)

Classificação: 13.0

Shyamalan, o meu realizador preferido da actualidade, conseguiu novamente aquilo a que os seus últimos filmes nos têm habituado: uma tentativa de alcançar o êxito das suas primeiras obras. “The Happening” parece-nos um filme diferente, e garanto-vos que assim é, mas não é o único. Uma história mesmo ao estilo de Syamalan, sem introdução, desenvolvimento e conclusão; trata-se apenas de uma história que nos é contada e da qual não podemos retirar muito sumo.
Pela primeira vez, não adorei a argumentação montada pelo realizador, e para ser franco, pareceu-me muito com o clássico do inglês Hitchcock – “Birds”. Contudo, a interpretação de Mark Wahlberg foi bastante boa, e demonstra que os thrillers são bons filmes para as “estrelas de segunda” poderem brilhar ao máximo. A fotografia e a música levam-nos novamente aos filmes de Alfred Hitchcock. Aspecto que não é negativo, bem pelo contrário, está na hora de enterrar os filmes de suspense que têm vindo a ser feitos e seguir o exemplo do realizador inglês. A verdade, é que M. Night Shyamalan tem vindo a fazer isso já desde o seu primeiro filme americano a chegar ao cinema português – “Sixth Sense”. O cenário e o enredo são a grande marca do realizador, e eu felicito-o por nos ter mostrado novamente como um filme ganha brilhantismo através da história e da fotografia.
O filme poderia ser melhor. Sinceramente, estou um bocado decepcionado com o realizador, mas ao menos conseguiu fazer mais desta película do que aquilo que demonstrou no filme anterior “Lady in the water”; e é esse o primeiro passo para um retorno em grande. Nesta crítica, tentei não me influenciar pela minha perspectiva de fã do Shyamalan, mas deixo agora a minha nota pessoal: Este é um tipo de filme que faz falta ao novo cinema do século XXI, pois o suspense puro de Hitchcock sempre foi o melhor meio de expressão da sétima arte.