domingo, 28 de fevereiro de 2010

Filme: American Beauty (Beleza Americana)

Classificação: 15.7

Obra-prima interessante. Do mesmo realizador de “Revolutionary Road”, para quem já viu esse filme, consegue bem perceber o género deste que falo agora. Sam Mendes traz-nos uma história sobre o quotidiano de um bairro típico americano, onde pessoas vulgares vivem as suas vidas repletas de momentos ordinários. Mas o fantástico deste filme, é o facto de ser algo “extra-ordinário”.

Num primeiro relance, tenho a dizer que gostei bastante da música do filme embora não seja original; muito sincronizada e no tom com a atmosfera do filme. “American Beauty”, apesar do nome, tem uma fotografia razoável com umas pinceladas primorosas em cenas mais obscurecidas. Actuações no limiar do deplorável excluindo todavia a de Kevin Spacey que desempenhou um papel simplesmente maravilhoso. Enaltecido pelas fracas actuações dos seus colegas, a academia de prémios norte-americana dedicou-lhe o Óscar de melhor actor pela representação em “American Beauty”. Sam Mendes também recebeu o Óscar de melhor realizador por esta película, e julgo que tenha sido merecido. A verdade, é que 1999 foi um ano muito renhido e repleto de (a meu ver) filmes muito bons. A par com “American Beauty”, estavam nomeados para Óscar de melhor filme “Green Mile”, “The Cider House Rules”, “The Sixth Sense” e “The Insider”; todos grandes filmes merecedores de prémios. A verdade é que, talvez, esta película tenha sido a justa vencedora desse Óscar.

“American Beauty” pode ser levemente agradável em termos técnicos mas é infalível num outro grande aspecto. De um modo muito rebuscado, Sam Mendes conta-nos a história de como o Homem comum pode ser o mais feliz e mais sortudo à face da Terra, e como tão depressa o pode perder. “American Beauty” é uma obra de cinema que nos ensina muito dissimuladamente a olhar para algo “ordinário” vendo nela algo “extraordinário” tornando-a assim numa coisa bela. Esse é provavelmente o caminho para a felicidade, diz-nos Sam Mendes. Essa é a beleza secreta deste filme…

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Filme: The Silence of the Lambs (O Silencio dos Inocentes)

Classificação: 15.1

Sinistro e perturbador. Baseado no livro de Thomas Harris com o mesmo título, “The Silence of the Lambs” é carregado de uma trama inteligente mas não muito difícil de acompanhar. O realizador Jonathan Demme (também realizador de “Philadelphia”) conseguiu uma adaptação cinematográfica brilhante da obra literária. Aguardem por uma boa noite de chuva para apreciar este filme, pois certamente não passará numa noite solarenga ou num feriado nacional nos canais de televisão. Recomendo-o apenas aos fãs dos thrillers intensos, apesar de não ser carregado de grande suspense.
Demme arrecadou o prémio de melhor realizador com esta película, o que penso ter sido merecido, pois a história está incrivelmente bem contada. Anthony Hopkins também nos presenteou com uma das personagens que imortalizou. Onde quer que seja visto, seus olhos nos recordarão para sempre os de Dr. Hannibal Lecter; com isso, Hopkins foi galardoado com o Óscar para melhor actor. Mais surpreendente, foi o Óscar para melhor actriz entregue a Jodie Foster, que, a meu ver, desempenhou bastante bem o seu papel mas acredito que a estatueta lhe tenha sido atribuída mais pela falta de concorrência do que apenas por mérito. Globalmente, as actuações foram brilhantes, das melhores que se pode assistir num filme. No entanto, tanto a fotografia como a música me pareceram bastante medíocres e nada enriquecedoras, havendo apenas alguns lances realmente bons com a entrada das cordas nos diálogos entre as personagens. A história é simples, como na maioria dos filmes do género, onde a grande parte da acção se centra em apanhar o vilão, principalmente devido a uma motivação do herói que advém duma inspiração ou trauma na infância. Aí se encontra, para mim, o ponto fraco deste filme.
Na verdade, gostaria de ter visto este filme no cinema. Gostaria de ter visto o silêncio com que as pessoas abandonariam a sala, pois o filme é tão intenso e pesado que cortaria o ar durante a própria rodagem. É uma pura obra de entretenimento, “The Silence of the Lambs” não tem nenhuma moral, nenhuma conclusão; e, de facto, não necessita. É apenas uma história sobre a malvadez da mente humana e da imperfeição das suas obras. Pensando nisso, silencio-me com grande pesar após dizer: “Do que eu acredito ser o cinema, este filme é um fracasso”.